São 16h30min de sexta-feira. Vanderlei Luxemburgo termina de subir a escadaria que leva ao gramado do Olímpico, dá os primeiros passos na pista atlética, vestindo camiseta branca e calça de abrigo preta, e é saudado com aplausos pelos torcedores que ocupam as sociais.
Sentado sob a casamata, o diretor-executivo Paulo Pelaipe sorri ao lembrar, na hora, dos históricos confrontos entre o atual treinador do Grêmio e Luiz Felipe Scolari, nos anos 1990.
— Se fosse naquele tempo, ele seria xingado. Ele mesmo lembrou disso na coletiva — comenta o dirigente.
No seu primeiro treino como técnico do Grêmio, Luxemburgo deixa claro que não vai perder tempo. Encerrado o bate-bola que serve como aquecimento aos jogadores, chama para o centro do gramado o mesmo time que jogou o Gre-Nal. É a senha para que todos entendam que não haverá mudanças neste domingo, contra o Caxias, no Centenário, na decisão da Taça Piratini.
A partir daí, o técnico se torna o astro. Primeiro, posiciona-se entre Vilson e Douglas Grolli, os dois zagueiros reservas. É dali que orienta Kleber, a quem chega a puxar pelo braço, e Marcelo Moreno, a marcarem a saída de bola.
— A marcação tem que começar aqui na frente, aqui na frente — grita.
O ato seguinte mostra o treinador caminhando até o centro do campo. É hora de ensinar aos volantes sobre como sair jogando. Mal posicionado, Léo Gago toma uma reprimenda.
— Fica aqui, Gago. Você já estava lá do outro lado — cobra, ao perceber que o volante, inadvertidamente, se juntava aos meias.
O recado seguinte é para o volante Souza, que vacila na hora de dar combate.
— Ocupa o espaço, ocupa — fala.
Nem os jovens escapam. Biteco tenta uma firula ao receber um passe e é desarmado por Gabriel.
— Biteco, primeiro domina a bola — avisa.
Por fim, Luxemburgo percorre o último trecho do gramado e aproxima-se dos homens de defesa. É a parte final do treino, que dura 31 minutos. Enquanto os cruzamentos são feitos, orienta Gilberto Silva e Naldo quanto ao melhor posicionamento.
— No treino, deu para ver que é um treinador tático, inteligente. Na conversa que teve com a gente, falou que todos devem resgatar a identidade do clube. E disse que vai levar o Grêmio para a Libertadores — comenta, em entrevista, o volante Fernando.
Pelaipe deixa a casamata e se aproxima dos repórteres que cobrem o treinamento. Tem um ar de satisfação no rosto. Percebe que Luxemburgo e a vitória no Gre-Nal passaram aos torcedores uma sensação de confiança.
— Deve ter umas mil pessoas aqui. Fazia tempo que eu não via tanta gente num treino — comenta.
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